Anunciados como a grande oportunidade para os candidatos se apresentarem e defenderem suas principais propostas e para os eleitores fundamentarem suas escolhas, os debates entre postulantes aos cargos executivos do País, dos Estados e dos Municípios se revelam uma completa farsa.
Analisemos friamente alguns aspectos.
Em primeiro lugar, a quantidade de candidatos e a exiguidade do tempo disponível em rádios e TVs, limitam bastante a possibilidade de se apresentar e debater propostas complexas para temas ainda mais complexos como segurança, saúde, educação, por exemplo. Os postulantes ficam apenas na superfície dos temas.
Em segundo lugar, o objetivo da maioria dos postulantes não é mostrar o que pode e deve ser feito em benefício da população. O principal é desconstruir os adversários apresentando alguma denúncia ou uma questão em forma de pegadinha, para demonstrar o despreparo do concorrente.
Os debates transformaram-se no momento de revelação de grandes e graves denúncias contra os candidatos. E a população, mesmo aqueles que não assistem aos enfrentamentos, fica aguardando ansiosamente tais revelações.
Outro aspecto da maior importância deve ser levado em conta. A pessoa pode ser um grande gestor e ter deficiência em se expressar, por exemplo. Vamos mais longe. Digamos que um determinado candidato, que já provou ter competência gerencial em vários cargos, seja portador de gagueira. Claro que vai ser um desastre a sua participação em qualquer debate.
Outro pode sofrer de incontrolável nervosismo ao falar em público.
Afinal, o que o eleitor quer eleger: um gestor competente e honesto ou um astro de TV, um orador brilhante porém desonesto?
Por isso, os tais debates, que muitas vezes influenciam o eleitorado em determinada escolha, se revelam mais por seus aspectos negativos.
Mais útil e proveitoso seria realizar entrevistas com os candidatos, dando-lhes mais tempo, tranquilidade e possibilidade de apresentarem propostas consistentes ao eleitorado.
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